quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Corais

Introdução

Coral ou antozoários são animais cnidários que constituem colônias e sobrevivem graças a simbiose entre as microalgas chamadas de zooxantelas presentes em seus pólipos que através da fotossíntese lhe fornecem energia em troca de abrigo/fixação.

Formam recifes de grandes dimensões que albergam um ecossistema com uma biodiversidade e produtividade extraordinárias.

O maior recife de coral vivo encontra-se na Grande Barreira de Coral, na costa da Queensland, Austrália. Ele também é considerado o maior indivíduo vivo da Terra. Porém, devido à poluição e aquecimento marinho, está morrendo. A maioria dos corais desenvolve-se em águas tropicais e subtropicais, mas podem encontrar-se pequenas colônias de coral até em águas frias, como ao largo da Noruega.

Os coloniais são os únicos corais que constroem recifes. Cada colônia é constituída por milhões de pequenos pólipos de coral, em que cada um segrega um fino esqueleto de carbonato de cálcio à sua volta.

O resultado é uma estrutura maciça de carbonato de cálcio, resultante da sobreposição dos esqueletos das sucessivas gerações de pólipos. Os pólipos são semelhantes a anémonas minúsculas e, tal como estas, possuem tentáculos armados de nematocistos, que usam para se defenderem e alimentarem.

Podem reproduzir-se assexuadamente, contribuindo para o aumento do tamanho e para a continuidade da colónia, ou sexuadamente, dando origem a novas colónias.

Recifes de coral

Os recifes de coral são, provavelmente, as comunidades bentónicas mais ricas e complexas dos oceanos.

Formaram-se ao longo de milhões de anos, a partir da deposição do carbonato de cálcio proveniente dos esqueletos de corais, e estão entre as comunidades marinhas mais antigas que se conhece - a sua história remonta há 500 milhões de anos atrás.

Em termos de biodiversidade, só são ultrapassados pelas florestas tropicais húmidas em terra - estima-se que um único recife de coral pode albergar, pelo menos, 3.000 espécies de animais.

Apesar de ocuparem menos de um por cento da área total dos oceanos, 25 por cento de todas as espécies de peixes existentes só se encontram nos recifes de coral!

Aqui, também se encontram representados quase todos os filos e classes conhecidos. A abundância de vida e o grande número de espécies, devem-se às condições únicas de protecção e alimento que os recifes lhes proporcionam.

Tipos de recifes de coral.

Os recifes de coral podem ser continentais ou oceânicos. Os primeiros crescem nas margens continentais, enquanto os segundos surgem em pleno oceano, geralmente associados a montanhas submarinas.

Dentro destas duas classes, existem três tipos de recifes: em franja, de barreira ou atóis (ver Oceano Pacífico). A maior barreira de coral é a Grande Barreira de Coral (Oceano Pacífico).

Biologia dos corais

Os corais são os membros da classe Anthozoa que constroem um "exoesqueletos" que pode ser de matéria orgânica ou de carbonato de cálcio.

Quase todos os antozoários formam colônias, que podem chegar a tamanhos consideráveis (os recifes), mas existem muitas espécies em que os pólipos vivem solitários.

Os pólipos têm a forma de um saco (o celêntero) e uma coroa de tentáculos com cnidócitos (células urticantes) na abertura, que se chama arquêntero. Os antozoários não têm verdadeiros sistemas de órgãos: nem sistema digestivo nem sistema circulatório, nem sistema excretor, uma vez que todas as trocas de gases e fluidos se dão no celêntero, uma vez que a água entra e sai do corpo do animal através de correntes provocadas pelos tentáculos.

No entanto, esta classe de celenterados tem algumas particularidades na sua anatomia:

  • Uma faringe, denominada neste grupo actinofaringe que liga a “boca” ao celêntero e que, muitas vezes, contem divertículos chamados sifonoglifos, com células flageladas, em posições diametralmente opostas, dando à anatomia do pólipo uma simetria bilateral.

  • Os mesentérios - um conjunto de filamentos radiais que unem a faringe à parede do pólipo.
O grupo inclui os importantes construtores de recifes conhecidos como corais hermatípicos ou SPS, encontrados nos oceanos tropicais. Os últimos encontrados, são conhecidos como corais de pedra ou LPS, visto que o tecido vivo que cobre o esqueleto é composto de carbonato de cálcio. Além destes existem os corais denominados SOFTS ou corais moles, já que sua estrutura é inteiramente formada de tecido, sem a presença do esqueleto em carbonato de cálcio.
Sob condições adversas, os corais zooxantelados expelem parte ou todas as suas algas. Com a perda das algas pigmentadas, o esqueleto calcário branco é então, visível através do tecido transparente, e é dito que o coral sofre branqueamento. Os estresses causadores do branqueamento podem ser sub ou sobreiluminação, excesso de exposição a UV, flutuação de salinidade e baixas ou altas temperaturas.Em razão de muitos corais zooxantelados viverem a temperaturas da água perto do limite superior letal, uma elevação de temperatura de apenas 1º C pode ser suficiente para induzir o branqueamento. Episódios extensos de branqueamento de corais, registrados nos últimos 20 anos, podem ser ligados ao efeito estufa. A perda de zooxantelas de um coral, porém, não é sempre completa, e não resulta sempre na mortalidade do coral, especialmente se o período de tensão ambiental não for prolongado.

Distribuição

A distribuição dos recifes de coral está directamente relacionada com a temperatura, intensidade luminosa, profundidade, nutrientes em suspensão e correntes.

As condições favoráveis ao crescimento dos corais que constroem recifes, limitam-se às latitudes entre 30º norte e 30º sul - mesmo aqui, existem excepções.

Temperatura

Os maiores recifes de coral encontram-se em regiões onde a temperatura varia entre os 25ºC e os 30ºC e raramente desce abaixo dos 20ºC.

Por este motivo, são raros os recifes nas costas oeste de África e da América do Sul, onde o upwelling costeiro é responsável pelo arrefecimento da água.

Intensidade luminosa e profundidade

Muitos corais vivem em simbiose com algas microscópicas presentes nos seus tecidos e, por isso, a intensidade luminosa é um factor determinante para a sua distribuição.

A maior parte das espécies de corais encontram-se em águas límpidas até aos 30 m de profundidade. A partir daqui o seu número vai diminuindo, desaparecendo quase totalmente aos 100 m.

Nutrientes em suspensão

Os recifes de coral desenvolvem-se melhor em águas pobres em nutrientes, pois estas são mais límpidas e permitem a melhor penetração da luz. Por outro lado, estas condições não favorecem o crescimento de macroalgas, que poderiam competir com os corais pelo espaço e luz.

Alguns nutrientes, como os fosfatos, são particularmente nocivos para estes organismos, pois impedem a formação do seu esqueleto. Os nutrientes em suspensão são de tal modo importantes, que nas zonas tropicais da costa Este da América do Sul influenciadas por grandes rios como o Amazonas e Orinoco, não há recifes de coral.

Correntes

A circulação da água é importante para funções vitais dos corais, como a alimentação, respiração e formação do esqueleto.

Contudo, a resistência às correntes e ao impacto das ondas varia de espécie para espécie. Nas faces expostas dos recifes, encontramos corais mais robustos e cuja forma dissipa a energia das correntes. Os corais mais frágeis, povoam lagoas e outros locais resguardados.

Corais e zooxantelas

Os corais responsáveis pela formação dos recifes vivem em simbiose com microalgas, presentes nos seus tecidos e denominadas zooxantelas. Esta relação é benéfica para ambos os organismos.

Os corais obtêm substâncias nutritivas produzidas pelas zooxantelas, que também contribuem para a deposição de carbonato de cálcio no seu esqueleto. Os pigmentos coloridos das algas fornecem, também, protecção contra os raios ultra-violeta!

As algas obtêm protecção e utilizam produtos de excreção (dióxido de carbono, amónia, nitratos, fosfatos) dos seus hospedeiros, para realizarem fotossíntese e outros processos metabólicos.

Desta forma, as zooxantelas são importantes para o crescimento dos recifes de coral, pois são responsáveis pela nutrição, remoção de sub-produtos do metabolismo e pela formação dos esqueletos dos corais.

Assim, a luz torna-se um factor extremamente essencial à sobrevivência e crescimento destes corais.Comparativamente, os corais que possuem zooxantelas crescem mais depressa do que os que não as possuem.

Alimentação

De uma maneira geral, os corais podem alimentar-se de matéria orgânica dissolvida na água, microorganismos e plâncton. Este último caso observa-se em espécies com pólipos de grandes dimensões e, principalmente, nas que não têm zooxantelas.

Em defesa do seu território

Apesar de não se deslocarem, os corais desenvolveram mecanismos eficazes de defesa e de competição pelo espaço. Para se defenderem de agressores, incluindo outros corais, libertam substâncias tóxicas para água ou utilizam os nematocistos.

A competição pelo espaço depende em grande parte da velocidade a que o coral cresce - quanto mais depressa crescer, mais sucesso poderá ter na conquista de espaço.

Classificação científica

Reino: Animalia

Sub-reino: Metazoa

Filo: Cnidaria

Classe: Anthozoa

Subclasses e ordens:

Subclasse Alcyonaria (=Octocorallia)Ordem Alcyonacea

Ordem Gorgonacea

Ordem Helioporacea

Ordem Pennatulacea

Ordem Stolonifera

Ordem Telestacea

Subclasse Zoantharia (=Hexacorallia)

Ordem Actiniaria

Ordem Antipatharia

Ordem Ceriantharia

Ordem Corallimorpharia

Ordem Ptychodactiaria

Ordem Rugosa

Ordem Scleractinia

Ordem Zoanthidea

Ligações externas

· International Coral Reef Information Network

· IPAq - Instituto de Pesquisas em Aqüicultura e Aquariologia


Maiores informações:
 
Texto de autoria de:
Leonardo Duarte
Felippe Luna
 

Baixe o arquivo em PDF aqui: Corais

Nenhum comentário:

Postar um comentário