quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Rio será sede de encontro sobre a história da psiquiatria

O Rio de Janeiro vai receber, de 3 a 5 de novembro, psiquiatras de diversos países para o III Encontro da Rede Iberoamericana em História da Psiquiatria, a ser realizado no Auditório do Museu da Vida, no campus de Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O evento, realizado com apoio da FAPERJ, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) e do Centro de Ciencias Humanas y Sociales do Consejo Superior de Investigaciones Cientificas (CISC - Madrid, Espanha), é promovido pela Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz e pela Red Iberoamericana de Historia de la Psiquiatria.
De acordo com a coordenadora da comissão organizadora do encontro, a pesquisadora Ana Teresa Acatauassú Venancio, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, o objetivo é promover o intercâmbio entre pesquisadores da história da psiquiatria. “O encontro tem como meta difundir e debater a produção científica que tem sido desenvolvida nesse campo temático por pesquisadores de diferentes países”, diz. A expectativa é reunir cerca de 80 pessoas, entre pesquisadores, professores, alunos de graduação, de pós-graduação, profissionais e formuladores de políticas institucionais interessados na história da psiquiatria. “Mais do que realizar um evento para um público numeroso, queremos consolidar e ampliar os resultados dessa troca de informações.”
A escolha do Rio como sede da terceira edição do encontro – a primeira edição foi realizada em Granada, na Espanha, e a segunda edição em Mar del Plata, na Argentina – é uma oportunidade para a comunidade acadêmica fluminense, e também para interessados em geral, de presenciar o debate do tema sob uma perspectiva internacional. “Será a primeira vez que o Rio vai sediar um encontro voltado para a história da psiquiatria com a presença de pesquisadores do México, do Chile, da Argentina, da Espanha e do Brasil”, destaca Ana Teresa, que tem doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Para discutir essa produção acadêmica, o encontro vai contar com duas conferências, mesas-redondas e exposição de pôsteres dos trabalhos selecionados de alunos de pós-graduação, a maioria do estado do Rio de Janeiro. Entre as atrações, está a conferência do coordenador da Rede Iberoamericana em Historia da Psiquiatria e pesquisador do Instituto de Historia del Centro de Ciencias Humanas y Sociales do Consejo Superior de Investigaciones Cientificas (CSIC - Espanha), Rafael Huertas, que será realizada logo após a solenidade de abertura do encontro, na quarta-feira, às 15h. “Ele vai apresentar um debate historiográfico sobre a elaboração do conceito de loucura enfatizando suas estreitas relações com a cultura”, resume a organizadora do encontro.
Outro destaque da programação será a presença do psiquiatra Norberto Conti, da Asociación de Psiquiatras Argentinos (APSA). Sua conferência, a ser realizada às 9h de sexta-feira, deve contribuir para o estudo da evolução da psiquiatria abordando dados históricos, mas sem deixar de lado observações específicas da área de clínica psiquiátrica. “Os pesquisadores argentinos convidados para o III Encontro têm tradição não só no estudo da história da psiquiatria, mas também no que esses estudos ajudam a compreender a constituição atual da clínica psiquiátrica”, pondera.
Já as mesas-redondas serão divididas em quatro eixos temáticos, considerados estratégicos para o desenvolvimento dessa área de estudos: Instituições Psiquiátricas e Contextos Nacionais; Doença Mental e Gênero; Psiquiatria, eugenia, criminologia e biodeterminismos; e Psicopatologia, diagnóstico e classificação da diferença. “Os grupos temáticos das mesas-redondas foram escolhidos porque são significativos, já que agregam os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos por muitos pesquisadores”, explica Ana Teresa.
Dentro da mesa-redonda Instituições Psiquiátricas e Contextos Nacionais, um ponto interessante será a palestra de Ana Teresa e de Anna Beatriz de Sá Almeida, também pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz/ Fiocruz, sobre a antiga Colônia Juliano Moreira, hoje conhecida como Instituto Municipal de Assistência a Saúde Juliano Moreira. Instalada na área de um antigo engenho de cana-de-açúcar de Jacarepaguá, ela foi inaugurada em 1924.
“É uma instituição muito importante na história da psiquiatria carioca, que sofreu modificações na década de 1980, com a reforma psiquiátrica, e hoje ainda se encontra integrada ao bairro de Jacarepaguá, oferecendo projetos de atenção psicossociais, que dispensam a internação de pacientes, e também residências terapêuticas, sempre visando à integração social”, conclui Ana Teresa. A palestra está prevista para a quinta-feira, de 9h às 12h.

Confira o PDF da programação completa do encontro: http://www.coc.fiocruz.br/images/arquivos/programacaoencontropsiqui.pdf

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